Entre os dias 27 de Outubro a 16 de Novembro, a equipe da JA! organizou mais uma ronda de sessões de capacitação prática em sistemas agroflorestais e agroecologia, nas comunidades de Nangaze, no distrito de Lugela, província da Zambézia e de Chirondzi Nsanangue, no distrito de Marara, na província de Tete. Uma vez mais, o processo de capacitação foi orientado por Hudson Filho, com larga experiência e conhecimento sobre sistemas agroflorestais e agroeocologia, dos Viveiros Anaua no Brasil.
A Justiça Ambiental acredita e defende soluções locais, sustentáveis e centradas nas necessidades e nos direitos das pessoas e do ambiente, e tem vindo a promover a adopção de práticas agroeocologicas ao nível de comunidades rurais, de modo a promover maior diversidade de culturas alimentares que contribui para uma melhoria da nutrição e portanto da saúde de forma geral, mas ao mesmo tempo promove a regeneração dos solos e a manutenção do equilibrio ecológico.
As sessões práticas tiveram início em 2018, na Comunidade de Limbue Sede, no distrito de Lugela, depois em 2019 na Comunidade de Namadoe, e agora novamente em 2023, de regresso às comunidades no distrito de Lugela, e foi incluida a comunidade de Chirodzi Nsanangue, no distrito de Marara. Desta vez foram estabelecidas mais 2 machambas agroflorestais comunitárias, cada uma cerca de 100 mudas de árvores diversas, incluindo de fruto, de madeira nativas, de crescimento rapido, e diversas outras culturas. Para além das machambas de demonstração estabelecidas, foi possível ainda levar a cabo a monitoria das machambas estabelecidas em 2018 e 2019, que incluiu um momento de monitoria e reforço da capacitação, que incluiu a poda das arvores, demonstração da técnica da alporquia e enxertia, cobertura dos canteiros, e plantio de culturas.
A capacitação envolve todo o processo de preparação da terra, sem recorrer ao abate e queima, demonstrando como deve ser feito o aproveitamento de todo o material vegetal, a preparação dos canteiros, das diversas mudas, ao desenho do sistema agroflorestal e o plantio. Ao longo dos três a quatro dias de capacitação e enquanto se trabalha a terra, há troca de conhecimento e saberes, por um lado são apresentadas e demonstradas técnicas agroecologicas e os porquês das opções escolhidas e da parte da comunidade envolvida são partilhados o conhecimento e saberes locais, bem como as lutas e desafios que estas enfrentam. É um processo de partilha bastante rico, e reforça a ideologia que defendemos, agroecologia não é apenas uma forma de cultivar, é todo um processo de resgate e valorização da agricultura camponesa, da relação do homem com a terra e com a natureza, do resgate de saberes tradicionais, que se mostra cada vez mais urgente perante a multiplicidade de crises que enfrentamos, desde alimentar até à crise climática. É urgente ampliar as iniciativas agroecologicas, apoiar as camponesas e camponeses a defender a sua terra e os seus direitos.
As comunidades abrangidas por este processo de capacitação são comunidades que resistem à ocupação dos seus territórios, que disputam os seus terrritórios, a base da sua sobrevivência com plantações de monocultura e com megaprojectos. Estas comunidades vivem da terra, protegem as florestas e os rios, e continuarão a defender e lutar pelas suas terras!
A Luta continua!