O lixo está a ocupar a cidade de Nampula, sob o olhar indiferente das autoridades municipais. A situação arrasta-se há bastante tempo, e nos últimos meses tem vindo a agravar-se, o lixo cresce e vai ocupando ruas, bairros, mercados e assim a cidade. A situação preocupa sobremaneira os munícipes que veem se obrigados a viver rodeados de lixo e receiam o agravamento de doenças diarreicas, em particular a cólera, já com casos registados, incluindo uma morte no início do mês passado.

O estado de degradação, saneamento inadequado e/ou inexistente e a imundicie em quase todos os mercados da cidade, em particular o mercados de Peixe, dos Belenenses, Waresta, 25 de Junho, vulgo Matadouro constituem verdadeiros atentados à saúde pública. Para além do potencial impacto na saúde pública, o lixo constitui igualmente um grave problema ambiental, particularmente nas zonas urbanas, uma vez que quando descartado sem tratamento pode contaminar os solos, o ar e a água, causar inundações, promover a proliferação de vetores de doenças, entre outros problemas.

Os Municipes de Nampula apelaram, sem sucesso, às autoridades municipais para uma resolução rápida e sustentável da situação, de modo a devolver a beleza da cidade e garantir o bem estar de todos.

Soube se ainda que a Associação dos Munícipes da Cidade de Nampula (AMUCINA), uma associação local, afirma que a edilidade que já se mostrou incapaz de resolver a situação também não se mostra aberta a aceitar apoio desta associação na limpeza e remoção dos resíduos sólidos na cidade.

Carlos Francisco, presidente da associação, considera lastimável a situação actual de salubridade, e explica em 2021, a sua associação elaborou e submeteu um projecto ao Conselho Municipal da Cidade de Nampula, que visava apoiar o munícipio na limpeza da cidade, mas a sua proposta foi até ao momento ignorada.

Actualmente, o Conselho Municipal da Cidade de Nampula reconhece a sua incapacidade na remoção e gestão de resíduos sólidos, ao nível da cidade, e sem apresentar qualquer plano refere que continua a empreender esforços para o efeito, e aponta o roubo de contentores e a deposição desregrada do lixo como principais factores para o actual estado de imundicie evidente em vários pontos da cidade.

Na cidade de Nampula produz-se diariamente cerca de um milhão e cinquenta metros cúbicos de lixo diverso. O Governo de Moçambique reconhece que a gestão de lixo representa ainda um enorme desafio e que não dispõe de recursos financeiros para dar resposta à questão. No entanto, este desafio não se resolve apenas com recursos financeiros. É urgente e imprescindivel investir muito mais na educação no geral mas particularmente na educação ambiental e civica.

É igualmente urgente e incontornável apostar na separação, aproveitamento e gestão de lixo, pois grande parte do lixo produzido, cerca de 60% corresponde a lixo orgânico que pode ser aproveitado.

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