Nos dias que correm em que nos Atlas (Marrocos), estão a morrer diariamente muitas pessoas pelos efeitos do terramoto e na Líbia outras muitas, muitas mais pessoas morrem devido ao colapso de barragens…

Alguns dirão “morreram”, até pode ser que já não estejam a morrer os que já morreram mas os que estão subterrados (enterrados) mas à espera que alguém os possa encontrar???

Que fim de vida mais horrível esperando uma ajuda que chega tarde ou nem sequer chega.

Gostaria de poder simplificar algo tão complicado quanto (como tão) importante… mas podemos tentar, ou morrer na tentativa (já diziam os mais velhos).

Falar de barragens para milhares de pessoas que nunca viram uma é verdadeiramente complicado mas vou tentar usar alguma analogia (já estou a complicar com esta comparação) com o que todos vemos, queremos e gostaríamos de ver, as cidades.

Para todos que vivem na cidade, já viram como a água da chuva corre nas estradas, desde as zonas altas até as baixas. Na parte alta não tem muita força mas na zonas baixas já chega com mais força e traz com ela todo o tipo de “lixo” que encontra pelo caminho. Essa é a simples explicação de como a parte alta da cidade de Maputo (só um exemplo) se limpa com a chuva e tudo vai parar à baixa da cidade ou, se for bastante chuva, à baía de Maputo. Plásticos, papeis, restos de comida, trapos e até vidros são arrastados misturados com as areias e lamas.

Bem. Agora vamos aplicar isto a uma barragem.

Antes de mais nada temos que escolher o melhor sitio , por exemplo para por em uma bacia com agua, tal como a bacia de lavar a roupa lá em casa (para os que não têm tanque), é melhor colocar sobre uma mesa dura ou no chão, para não cair com o peso. Pois, as barragens precisam de uma zona com montanhas e de pedra (rocha) para colocar a tampa (muro da barragem).

Não sei quantos já viram uma barragem de perto e prestaram atenção à porta por onde sai a água, e todo aquele chão e paredes de betão (cimento com pedra e ferro) que vão até mais a frente.

Esse corredor de cimento serve para que a água, por causa da força (velocidade) que leva não cave logo a parede da barragem (a tampa). Ia ser como abrir a tampa de um bidão cheio deitado de lado na areia, aquela água sai com muita velocidade e cava a areia que está perto da boca.

Agora chega o mais interessante!!!

O que é que isto tudo tem a ver com Marrocos e Líbia???

TUDO!! E nada!

Nada, porque não estamos em nenhum desses sítios. (comecei pelo mais fácil, que preguiçoso!)

E TUDO!! porquê???

Porque temos que aprender com os erros dos outros para não fazer o mesmo.

Onde está Cahora Bassa, no rio Zambeze (já ouvi.). Mas aonde no rio Zambeze? Na zona de montanhas, ou não?!

Essa é a bacia, alguidar, tanque…o que quiserem chamar. É aquele bidão com tampa. E está nas montanhas de pedra (a mesa).

Bidão da Líbia e montanha de Marrocos!!!

Se a terra está seca, não absorve a água, a água corre na superfície com mais força e velocidade, levando a areia, plásticos, vidros, pedrinhas, carros, casas…tudo.

Se tem plantas, no sitio das raízes a água vai entrar para baixo, diminui a velocidade e a força da água.

Mas se construirmos casas na zona onde a água da chuva passava como em Belo Horizonte e Matola-Rio (são só exemplos, podia ser Líbia) quando a água baixar e não encontrar o caminho dela, vai sentar aí até ter mais agua para ter mais força para cavar outro caminho. Cortando estradas, derrubando muros e casas, levando areia e terra (mais aquele “lixo” da zona) até conseguir chegar às zonas baixas.

Outros vão estar a perguntar, e Marrocos saiu de onde?

Desculpem, quase que esquecia… lembram que Cahora Bassa está nas montanhas de pedra? Pois… pois… O Atlas é uma família de montanhas de pedra… ahammmm… como a nossa mesa onde esta o bidão de Cahora Bassa.

Se nas montanhas é onde costuma haver mais terramotos e é onde vamos por mais barragens o que pode acontecer se alguém tropeçar na perna da mesa que tem a nossa bacia de lavar cheia de água????

Vou mudar de tema…ou não…

As “Mudanças Climáticas” servem de desculpa para justificar a falta (ou excesso) de água.

Servem de justificação para novas barragens (para garantir água ou para parar as cheias).

Servem para chorar que os pobres precisam eletricidade…

Senhoras e senhores (já não devíamos ser crianças), vamos enganar a quem???

Os pobres vão continuar pobres até terem dinheiro para pagar a eletricidade e impostos… ahhhh, a continuar pobre.

As cheias e secas vão ser piores, porque a barragem ou vai soltar mais água do que a chuva para tentar não rebentar, ou vai fechar a água para ter reserva suficiente durante a seca para vender eletricidade que… se a machamba não tem água não produz para vender , logo não teremos dinheiro para pagar a eletricidade, e assim vamos continuar pobres.

Como disse não é fácil simplificar algo que ninguém quer compreender…tenho dito.

TJ

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